O valor histórico da cinemateca na Espanha

O grupo parlamentar Unidos Podemos registrou na tarde de ontem uma proposição de Lei para debater na comissão de Cultura ou no Plenário do Congresso dos Deputados, com a intenção de que a Filmoteca Espanhola deixe de ser uma subdireção-geral do Ministério da Cultura e se transforme em um organismo independente, como o museu do Prado, Reina Sofia e a Biblioteca Nacional. Desde 1984, a Cinemateca foi fundada em 1953, depende do ICAA, a instituição que rege o cinema dentro da Cultura e, portanto, deve ser dirigida por um funcionário público e não tem autonomia orçamental.

Não podemos renunciar à nossa cultura

Eduardo Maura, porta-voz da Cultura no Congresso Unidos Podemos-Na Comú Podemos-Em Maré, assegurou, após a apresentação que a Cinemateca só pode cumprir seus objetivos com uma mudança de quadro jurídico: “Nós conversamos com os trabalhadores externos do centro, com a União dos Cineastas, e com pesquisadores e restauradores para preparar esta proposta. “Sabemos que não é fácil e que o Governo não tem uma política de cultura, mas nem por isso podemos ficar de braços cruzados”. Na proposição Podemos assegura que atualmente a Cinemateca não pode realizar satisfatoriamente nenhuma das seis funções básicas atribuídas ao organismo no Decreto-7/1997 de 10 de janeiro: “Se realiza uma política de sobrevivência em pontos como a recuperação, preservação e restauro do patrimônio cinematográfico, a salvaguarda e a custódia de filmes recebidos ou a difusão do patrimônio fílmico, e abandonou os outros três, que se concentram a realização de pesquisas, a colaboração com outras filmotecas ou a formação profissional de especialistas”.

O deputado do Podemos insiste em que o estado atual da Cinemateca é “o reflexo da falta de um modelo cultural em que no Governo do PP nunca existiu, nem bom nem mau”. E prossegue: “Tudo parece depender mais dos compromissos políticos e do estado das finanças, que de abordagens a longo prazo. A retrospectiva sobre Almodóvar, que encheu as sessões no cine Doré, não esconde o problema de fundo, que é que o organismo não conta com especialistas para as suas funções nem as realiza. Não há intercâmbios com os outros centros europeus, nem se tem em conta para a educação. “Por que a Cinemateca não faz parte da educação audiovisual como acontece no resto dos países europeus?“.

Maura assegura que Podemos está preparando uns encontros no Congresso que acompanham este procedimento com todos os tipos de profissionais. “Queremos que a Cinemateca se torne o centro de referência que sempre deveria ser, algo que só vai conseguir com uma lei própria.”

Eduarda Castilho Mieiro